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Seu Maroto à espera da morte. Foto: Luciano Lugori |
Sentado na cadeira de Seu Porfírio, parceiro de baralho, de prosa e vizinho, Juvêncio lamenta a vida:
- Eu já estou morto! Não sei por que a morte não me leva logo.
Ultimamente esse tem sido o seu lengalenga, implorar à morte pelo fim.
Por que um homem desejaria isso?
Seu Maroto está com 80 e tantos anos. É pai de seis filhos, quatro homens e duas mulheres, e avô de seis netos. Foi vereador. É um dos comerciantes mais antigos da cidade. E, apesar da idade avançada, é um homem que esbanja saúde, é trabalhador e ativo.
Faz “fezinha” na lotérica pra Dione, sua filha. Ele também arrisca a sorte - tem muitos projetos em mente. Atende aos pedidos de Dona Euza, sua esposa, nas necessidades e nas tarefas da casa. Perambula pelas ruas. Joga baralho e conversa fora quase todas as noites. Ainda abre e cuida do seu armazém, que mantém características das velhas e tradicionais mercearias. Às vezes, como os pensadores, prefere a solidão - seja na poltrona de sua casa ou no banco ao lado do Teatro Raul Coelho. Mas tem uma coisa, talvez a que mais gostasse de fazer, que ele não está mais “podendo” realizar: cuidar da roça e zelar dos seus “bichos”. Essa era uma atividade diária e ele sempre fazia o percurso, cerca de 6 km entre ida e volta até o sítio, na maioria das vezes, de bicicleta.
Depois de um acidente, onde um carro o atropelou pelo caminho, a preocupação tem sido redobrada. Com isso o trajeto diário foi interrompido por receio à nova “negligência” alheia. Isso o entristeceu. Tirá-lo dessa rotina o deixou desmotivado e a ociosidade tem provocado situações inesperadas. Esses dias, seu Maroto - inquieto e veemente - queria subir na casa para consertar o telhado.
Ainda assim, pelo o que conta, sua maior tristeza foi perder “parcialmente” a audição, o que tem dificultado as conversações em casa e com os amigos e sempre tem causado esse plangor e “desejo doido” pela morte. E segue lastimando:
- Eu já estou morto! Não sei por que a morte não me leva logo.
Ultimamente esse tem sido o seu lengalenga, implorar à morte pelo fim.
Por que um homem desejaria isso?
Seu Maroto está com 80 e tantos anos. É pai de seis filhos, quatro homens e duas mulheres, e avô de seis netos. Foi vereador. É um dos comerciantes mais antigos da cidade. E, apesar da idade avançada, é um homem que esbanja saúde, é trabalhador e ativo.
Faz “fezinha” na lotérica pra Dione, sua filha. Ele também arrisca a sorte - tem muitos projetos em mente. Atende aos pedidos de Dona Euza, sua esposa, nas necessidades e nas tarefas da casa. Perambula pelas ruas. Joga baralho e conversa fora quase todas as noites. Ainda abre e cuida do seu armazém, que mantém características das velhas e tradicionais mercearias. Às vezes, como os pensadores, prefere a solidão - seja na poltrona de sua casa ou no banco ao lado do Teatro Raul Coelho. Mas tem uma coisa, talvez a que mais gostasse de fazer, que ele não está mais “podendo” realizar: cuidar da roça e zelar dos seus “bichos”. Essa era uma atividade diária e ele sempre fazia o percurso, cerca de 6 km entre ida e volta até o sítio, na maioria das vezes, de bicicleta.
Depois de um acidente, onde um carro o atropelou pelo caminho, a preocupação tem sido redobrada. Com isso o trajeto diário foi interrompido por receio à nova “negligência” alheia. Isso o entristeceu. Tirá-lo dessa rotina o deixou desmotivado e a ociosidade tem provocado situações inesperadas. Esses dias, seu Maroto - inquieto e veemente - queria subir na casa para consertar o telhado.
Ainda assim, pelo o que conta, sua maior tristeza foi perder “parcialmente” a audição, o que tem dificultado as conversações em casa e com os amigos e sempre tem causado esse plangor e “desejo doido” pela morte. E segue lastimando:
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Juvêncio cuidando do armazém. Foto: Luciano Lugori |
- Tô surdo! Pra mim acabou!
Juvêncio é um homem forte e sábio, por isso a morte ignora seu rogo birrento. Ele agora nos escuta com olhos. Basta observá-lo para dizer-lhe algo e ele tão logo retribuirá a atenção, seja com gestos ou expressões. E o seu olhar apontado para diante nós, nos diz muito mais do que a boca e suas próprias palavras seriam capazes de exprimir.